MESSA,
W. C. Utilização de ambientes virtuais de aprendizagem –
AVAs: a busca por
uma aprendizagem significativa. Revista Brasileira de Aprendizagem Aberta e a
Distância. V.9. 2010.
Dentre as ferramentas tecnológicas voltadas
para fins educacionais, destaca-se o Ambiente Virtual de Aprendizagem livre (Moodle - Modular Object- Oriented Dynamic
Learning Environment). O sistema AVA é utilizado para ambientar, de forma
virtual, a aprendizagem significativa. Várias mudanças ocorreram na maneira de
desenvolver o processo de ensino aprendizagem. Quando o aluno é capaz de
transformar o que é estudado de acordo com a própria realidade, ou seja,
atribuir novos valores ao que já era sabido, pode-se dizer que há a
aprendizagem significativa, a qual fornece meios para agir e reagir diante da
própria realidade. O aluno já traz consigo diversos significados, porém ao
perceber e contextualizar o estudo, é convidado a compreender e construir novos
conceitos, assim, nesse processo, constrói argumentos lógicos que podem ser conferidos
em textos verbais, não verbais, escritos, comentados, falados, entre outros. Há
aí a possibilidade de participar de discussões, transformando e reconstruindo o
conhecimento dado alterando a realidade que já trazia anteriormente. Porém todo
este processo deve ser pautado na disposição para aprender, de acordo com o
conteúdo a ser aprendido e a interação entre o novo conhecimento e o
conhecimento prévio.
Os Ambientes Virtuais de Aprendizagem
(AVAs), cada vez mais utilizados, vinculam os conteúdos mediando o processo da
educação a distância, há a constante integração e colaboração entre os fatores
tecnológicos e humanos neste ambiente que contribui para a aprendizagem
efetiva, principalmente se os materiais forem elaborados de maneira
hipertextual, oral e audiovisual, atendendo às quatro fases essenciais para o
aprendizado: atenção, relevância, confiança e satisfação. A primeira,
desenvolvida por uma atividade inicial, esclarecendo a importância da lição que
deve ser contextualizada na relevância, ainda deve-se assegurar ao aluno o
estímulo e o acompanhamento para que se estabeleça a ligação entre o conhecido
e o desconhecido, o simples e o complexo e seja fornecido o feedback, o retorno
do desempenho, a aplicação do conhecimento para a vida. Esses Ambientes são
compostos por vários recursos para a aprendizagem do aluno, as mídias, vídeos,
áudios, gráficos, textos que não reduzem as aulas a meros textos enviados e que
promovem uma maior interação entre aluno e disciplina. Atendendo a necessidade
de dinamização do conteúdo, o ambiente se torna favorável para a formação de
conceitos de acordo com o tempo disponível do estudante. Entre as ferramentas
disponíveis pode-se observar algumas a seguir:
Os
blogs: divulgam os textos para divulgar ideias, orientações em geral,
informações adicionais, de acordo com os temas debatidos. Incluem os novos
assuntos, com base em textos multimodais produzidos pelo autor, porém abrem a
possibilidade de comentários a respeito de um assunto em comum. Neste sentido,
aumenta a capacidade de produção individual ao mesmo tempo que favorece a
participação de outrem que podem comentar ou até mesmo questionar, depois da
leitura.
O
podcasting: arquivos de áudio, através dos quais os envolvidos no processo
de ensino aprendizagem podem disponibilizar histórias orais, resumos,
reportagens, interpretações, narrativas cientificas, ao produzir estes
documentos, são passiveis de serem baixados e escutados em aparelhos
reprodutores de MP3 e facilitam o acesso e a produção criativa do conhecimento.
O
e-portfolios: coleção variada de textos, imagens, hiperlinks e outros
objetos que incluem a atualização e gerenciamento dos temas estudados.
O
social bookmarking: rede formada por grupos a fim de compartilhar materiais
e comentários na internet, favorecem o desenvolvimento de pesquisas e projetos
em comum.
O
Flickr: local de armazenamento de imagens que podem ser utilizadas para
aprimorar habilidades visuais e transmitir conteúdos através dos textos
impressos como imagens e pequenos vídeos de imagens em movimento.
O Second Life:
ambiente virtual em 3D onde os personagens estão presentes virtualmente e se
inserem nos trabalhos desenvolvidos para novos estudos de mídia
Os fóruns:
favorecem a discussão e participação de vários participantes acerca de
postagens escritas por eles mesmos, ou seja, um comentário leva ao outro uma
discussão ou conversa, através das postagens.
Além dos recursos apresentados, pode-se
citar outras ferramentas como: wikis, social networking, photo
sharing, vídeo messaging, YouTube e audiographics.
Há uma vasta possibilidade de conteúdos que
podem ser disponibilizados nestas redes e ferramentas, através dos quais, estudante
e professor, grupos de estudantes aprimoram as habilidades de autoria e
construção do texto próprio e ao mesmo tempo envolvendo o compartilhamento do
saber coletivo por estes meios, se estes forem bem utilizados. Observar as
situações de aprendizagem apresentadas no ambiente virtual e poder recriar
novas situações é importante para que o aluno possa desenvolver suas
potencialidades com novas tecnologias na educação.
Pode-se perceber este processo nos ambientes
virtuais da Educação Infantil e Ensino Fundamental: NICE e CriaNET. O
primeiro trata-se de um projeto para crianças entre 6 e 8 anos, da Universidade
de Illinois, Chicago, utilizando o computador a criança pode exercitar e
praticar conteúdos em jogos educativos, editores de texto, programas de cálculo
e outros para se capacitar e transmitir conhecimentos, por meio da participação
em atividades ou tarefas, nas quais são estimulados a construir, manipular, e
explorar objetos e criam histórias a partir das interações com o mundo real e
virtual, descobrindo novos significados para as situações de aprendizagem.
O
CRIança na InterNET (Crianet), por sua vez, é uma plataforma de software, para
crianças entre 9 e 11 anos, integra ferramentas de comunicação síncrona e
assíncrona, com fórum, perfil, biblioteca e banco de figuras. Os ambientes para
educação infantil deverão levar em consideração uma equipe multidisciplinar de
psicólogos, pedagogos e estudiosos para que haja uma aprendizagem efetiva no
desenvolvimento de ambientes virtuais de aprendizagem.
As
duas linguagens que estruturam os ambientes virtuais estão fundamentadas na
escrita e visual. A escrita deve-se configurar em hipertextos e textos que
apresentam os conteúdos e envolvem a comunicação entre os sujeitos e objetos.
Já a linguagem visual, é utilizada no AVA (interface de navegação e interface
de interação) e nos conteúdos propostos (por meio de imagens, audiovisuais,
desenhos, ilustrações). Para tanto, é necessário conhecer o usuário e suas
características para que sejam utilizados os melhores recursos para o
aprendizado.
Quanto
ao ambiente para aprendizagem do jovem, já no estilo, deverá ser pautado em
suas características, suas tribos, ou seja, gostos musicais, linguísticos e
visuais, e que haja uma interface gráfica que contribua na velocidade de
acesso. Além de atentar para recursos como: diversão, abertura ao diálogo,
manifestação de dúvidas, movimento, som, imagem, jogos e animação, valorização
da pesquisa, agenda e interatividade. Outros pontos interessantes são o bom humor
na apresentação do conteúdo, contando com a variedade de atividades individuais
e em grupo, adaptando-se a identidade visual do jovem, com símbolos e ícones,
respeitando a pluralidade de pensamentos e horizontes. Os alunos adultos que
estuam a distância são basicamente divididos em dois perfis: o aluno mora longe
dos centros urbanos mais desenvolvidos, não tem tempo para frequentar a escola,
mas deseja estudar e se profissionalizar. O outro é aquele que já tem nível de
escolaridade, mas prefere as facilidades ofertadas pela capacitação online. Atualmente,
pode-se observar uma demanda crescente de idosos que estão se familiarizando
com os ambientes virtuais. No ambiente virtual voltado a este público deve-se
atentar aos problemas que o envelhecimento traz aos alunos com este perfil, de
ordem cognitiva (por exemplo, redução da capacidade de memória de curto termo),
sensorial (diminuição visual, auditiva) e física (redução da motricidade fina,
da locomoção). A voz sobre IP, pode favorecer a interação e a interatividade
dos usuários idosos, o vocabulário e a fluência verbal aumentam enquanto que
perdas visuais, auditivas, táteis, reflexos e coordenação motora, segundo
autores mencionados anteriormente, diminuem com o passar dos anos. Quanto aos
alunos surdos, deve-se prestar atenção as especificidades que o ambiente deve
ter para facilitar o acesso e propiciar a aprendizagem, levando em consideração
as suas limitações sensoriais. É necessário que se estabeleçam meios pelos
quais os deficientes auditivos possam ter acesso ao conhecimento e às
informações.
É
interessante que haja planejamento das ações de pesquisa e de comunicação para
que os materiais sejam continuados em novas páginas, outros textos e novas
mensagens em outros ambientes fora da plataforma para divulgar pesquisas e
projetos. Nesse interim, apresenta-se o Moodle
como sistema que gera ambientes de gerenciamento de atividades educacionais
colaborativas em uma perspectiva construtivista, como sendo um pacote de
software que auxilia os educadores no processo de criação de atividades de
educação a distância. Também são chamados sistemas de e-learning, de
administração de aprendizagem (LMS), ou ambientes de aprendizagem virtual
(AVA). Este ambiente tem o objetivo de apoiar e promover a integração entre as
pessoas interessadas em desenvolver ambientes de aprendizagem, centrados no
aluno.
Em
termos técnicos, o Moodle é um
software de Open Source, ou seja, livre para carregar, usar, modificar e até
mesmo distribuir (sob a condição do GNU). Está disponível para educadores,
instituições e público em geral, oferece dinamicidade, é orientado a objetos e
modular, apresenta recursos para disponibilizar os materiais didáticos em
diferentes formatos (texto, imagens, vídeos, simulações, páginas web entre outros).
Através de atividades (tarefas, fóruns, wikis,
Chat). Ainda pode conectar conteúdos
Web agregados incluindo páginas, gráficos, programas, apresentações.
Permite
controlar a apresentação do material, a identificação do caminho percorrido. Apresenta
seções com as últimas notícias, o calendário, o qual destaca os eventos
programados, datas e outras informações. Além disso, possibilita a
personalização para adicionarem aplicativos externos e viabiliza a apresentação
dos conteúdos em múltiplas perspectivas, o qual se constitui em hipermídia
educacional (HE), além de possibilitar um acesso não linear a esse conhecimento
propicia a aplicação do conhecimento para diferentes situações. A “lição”
funciona de maneira diferenciada de fóruns e wikis, permite configurar pré-requisitos permitindo que o aluno
navegue por textos e materiais em ordem a partir da especificação de um pequeno
texto, seguido de acordo com o acerto ou erro dado uma pergunta de fixação
sobre aquele conteúdo.
Dentre
suas ferramentas, apresentam-se questionários com questões de múltiplas
escolhas, o “Chat” onde o professor
pode criar salas de bate papo, antes da sessão devem ser estabelecidas questões
que nortearão as discussões, estes espaços visam estabelecer um contato mais
pessoal entre professor e aluno no processo de aprendizagem. Outro recurso para
discussão e desenvolvimento da inteligência coletiva é o “fórum”, os
participantes podem realizar discussões assíncronas, ou seja, podem enviar
mensagens independente de outros usuários estarem conectados ao ambiente. Apresenta-se
também a ferramenta “diário” que é utilizada para o registro do caminho pessoal
de aprendizagem por parte dos alunos. Tem –se também, a ferramenta “tarefa”, pode
ser utilizada, a fim de investigar o nível de conhecimento já construído pelo
discente sobre determinado assunto. Nesta ferramenta o professor pode registrar
as tarefas que deverão ser realizadas pelos alunos durante a disciplina.
Por
último, apresentam-se duas ferramentas de aspecto colaborativo: “wiki” e “glossário”. A ferramenta “wiki’ possibilita aos alunos e
professores a construção de textos em conjunto, podendo, inclusive, ilustrar
com imagens e incluir “links” que dão ao texto um formato hipertextual que pode
vincular outros textos fora do ambiente (intertextualidade) ou dentro do
ambiente (intratextualidade). Essa potencialidade pode ser utilizada também no
fórum, no diário, entre outras interfaces. O wiki se constitui em uma rica interface para exercitar a
possibilidade de construir coletivamente com autonomia e cooperação. O Glossário
é uma ferramenta interessante quando se tem um conteúdo que possui termos
específicos e desconhecidos para os alunos.
Conclui-se,
portanto, que o Moodle se constitui,
hoje, em um ambiente rico de potencialidades pedagógicas e, a cada ano, a
comunidade mundial que é responsável pelo desenvolvimento do ambiente cria
novas interfaces para promover diferentes possibilidades de aprendizagem. O
importante é explorar as interfaces identificando aquelas que mais se adequam
aos objetivos do professor e aluno em busca do aprender a aprender para a
garantia da aprendizagem significativa. O AVA Moodle desperta para a possibilidade que os alunos sejam sujeitos
ativos na construção dos seus próprios conhecimentos. Ele permite a interação
do aprendiz com os conteúdos a serem estudados, estimula, desafia e ajuda no
desenvolvimento intelectual.
Palavras-chave:
Aprendizagem significativa, Tecnologias da Informação e da Comunicação,
Ambiente Virtual de Aprendizagem.
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