PRECURSORES DO ENSINO A DISTÂNCIA NO MUNDO: AUTONOMIA,
PLANEJAMENTO E DIREÇÃO
Hack,
Josias Ricardo. O ensino superior a distância no mundo. In: _______. Introdução
à educação a distância. Florianópolis: LLV/CCE/UFSC, 2011. 126 p.
Josias Ricardo HACK é músico, educador, pesquisador e
comunicólogo. Mestre em Comunicação Social pela UMESP (Universidade Metodista
de São Paulo), especialista em Formação de Professores na Modalidade de
Educação a Distância pela UFPR (Universidade Federal do Paraná) e doutor em
Comunicação Social pela UMESP. Suas produções acadêmicas versam principalmente
sobre: múltiplas tecnologias e aprendizagem colaborativa; Educação a Distância;
e-learning; b-learning; digital storytelling; processos comunicacionais.
Os autores citados na obra são basicamente Otto Peters, que
em seus estudos, afirma ser adepto da autoaprendizagem, pontuando que o aluno
deve ter mais autonomia e liberdade dentro do processo educacional a distância.
Por mais de quarenta anos o foco de sua pesquisa foi sobre o desenvolvimento
conceitual de educação a distância. Ele acreditava que a cultura, a
economia e a política são influentes em atividades educacionais.
O capítulo analisado do
Livro da Disciplina enfoca o histórico e a presença da EAD em alguns países,
além de abordar as experiências atribuídas a cada personagem do processo de
ensino-aprendizagem a distância e analisar as características principais dos
métodos e técnicas destas Universidades consideradas precursoras na modalidade
de ensino a distância. Os países estudados englobam África do Sul, a
Inglaterra, os Estados Unidos, a Alemanha, o Japão, o Canadá e a Espanha.
O autor introduz com a Africa do Sul, a instituição University of South Africa, fundada em
1946, a qual até a década de 70 era a única autônoma neste segmento. Utilizando
a estratégia metodológica através de cursos em que eram dadas instruções por
cartas e esquematizados por tarefas. Segundo o autor, eram seguidas algumas
etapas: Primeiramente, a redação do conteúdo a ser cursado, trabalho efetuado
pelo docente no qual era aplicada uma habilidade comunicacional escrita, para
que o aluno fosse capaz de auto instruir-se. Após isto, as tarefas enviadas
eram corrigidas e havia a compilação das matérias para o exame para o qual era
atribuída uma nota. Depois, havia o trabalho de assistência e aconselhamento,
neste processo havia a importante capacidade de comunicação interpessoal por
parte do professor para com os alunos e a mediação para a discussão entre os
grupos formados, esta última etapa, pode-se observar “a habilidade de
administrar, conduzir e sintetizar os apontamentos levantados pela equipe”. Pode-se
observar que o na Open University algumas
habilidades são necessárias a fim de capacitar tanto docente quanto o aluno e
envolver a todos através do espírito colaborativo, especialmente na etapa da
preparação com os diversos profissionais da equipe ao preparar os materiais de
estudo. A comunicação também é parte integrante desse processo, através da
escrita e dos diversos meios tecnológicos disponíveis para a discussão e
interação dos participantes. Além disso, é fundamental a capacidade
administrativa e de organizar e gerenciar as atividades, na hora de corrigir e
incentivar o auto aprendizado.
O autor segue citando o Empire
State College, desde 1971. Ainda aborda o conceito de aprendizagem
autônoma, aconselhamento e ajuda no estudo autodirigido. Quanto as fases,
destacam-se a exploração preparatória – que acontece quando o assessor verifica
as qualidades do candidato à vaga, através de questionamento próprio para
aprovar o contrato de ensino; a orientação – o interesse é verificado depois de
um seminário de reconhecimento do Curso e da Universidade; o enquadramento – verificam-se
os conhecimentos prévios do candidato para analisar a duração do curso; a confecção
do contrato de estudo; a execução do estudo autônomo; a avaliação. Neste caso, a
função do docente no Empire State College
consistiria em ajudar e motivar o aluno como interlocutor presente, ao fazer a
ligação entre os estudantes individualmente e a universidade. Há a apresentação
do diálogo intensivo e uma característica interessante neste processo é que a
iniciativa de aconselhamento, planejamento e direção dos estudos partiria dos
estudantes, os professores atenderiam individualmente após a solicitação deles.
A seguir, cita a Universidade na qual o autor Peters foi reitor,
a partir de 1974, a Fernuniversität.
De acordo com o texto, o docente deveria demonstrar a habilidade da escrita,
deveria ser capaz de desenvolver em equipes formadas por outros profissionais
responsáveis pelos recursos audiovisuais cooperando com eles, além de trabalhar
em conjunto com os tutores acompanhando os processos de aprendizagem e ensino a
distância de forma dinâmica, especialmente nas aulas presenciais com número
variado de alunos. Os cursos era, enviados a cada duas semanas, havia a
participação em atividades presenciais e formação continuada aos envolvidos no
processo de ensino aprendizagem a fim de que sejam capazes de criar novas
estratégias de acordo com a dinamicidade dos recursos.
Após estes países, é citada a estratégia japonesa da University of the Air, desde 1983. A
qual é pautada em alguns objetivos principais nos quais era preciso que
houvesse o estímulo para o conhecimento, que abrangesse a todos com
flexibilidade, não obstante, fosse ofertada para os alunos que não puderam
entrar para universidades presenciais e atendesse a modernidade, para isso foi
utilizada a TV como meio de comunicação facilitador. O ensino era obtido a
partir da conclusão do ensino médio. Quanto ao papel do docente, pode-se
observar que deveriam colaborar com a National
Institute of Multi Media Education, equipe produtora dos programas
televisivos e radiofônicos, bem como a preparação das aulas nos estúdios em
frente às câmeras, produção de textos complementares e suportes bibliográficos,
e também havia a direção de um grupo de estudos presencial em uma sala nos
centros de apoio espalhados pelo país; a correção dos trabalhos enviados pelos
alunos; o aconselhamento dos estudantes, nas mais diversas etapas de evolução
do processo de aprendizagem. Nesse caso, a utilização estratégica do rádio e da
televisão, como fatores principais e o material impresso apenas como material
complementar.
Já no Canadá, pode-se verificar a experiência consorciada Contact North, a partir de 1986. Na qual
objetivava-se abranger o norte do estado e melhorar as tecnologias utilizadas:
audioconferência, conferência audiográfica, videoconferência compacta e
conferência por computador. Peters caracteriza a atividade docente no Contact North da seguinte forma: ensino
numa sala de estúdio, com a qual estão conectados os polos de apoio onde se
encontram os estudantes; planejamento, preparo e exposição de representações
gráficas e ilustrações que serão utilizadas no processo de construção do
conhecimento a distância; ensino por seminário virtual, conversações
individuais com grupos ou com todos os estudantes em conjunto; discussão
pormenorizada e aprofundada de perguntas e manifestações dos estudantes. Assim,
o autor salienta que este modelo poderia ser aplicado para as universidades EaD
brasileiras, pois este consórcio Contact
North, proporciona uma melhoria nas condições de trabalho dos docentes,
aumento no número de alunos e professores, maior possibilidade de materiais
didáticos.
Finalmente, o autor expõe o exemplo da Universitat Oberta de Catalunya, Espanha, a partir de 1995, fundamentada
em um Campus Virtual, ou seja, universidade virtual, sem um campus físico. O
acesso a aprendizagem pela internet, o qual se apresenta com a conexão entre as
pessoas ocorrendo ao mesmo tempo – chat, ou através de diferentes momentos de
postagem – fórum. Há a abordagem de um plano de ensino no início de cada
disciplina. E a UOC, conta com dois tipos de docentes: professor-tutor: responsável
por guiar o aluno nas questões acadêmicas administrativas, resolução de
problemas de matrícula, entre outros. E o professor – consultor, responsável
por acompanhar o desempenho de acordo com a disciplina, estruturado no plano de
ensino e materiais didáticos por ele produzidos.
O material estudado resultou da pesquisa fundamentada em
diversos documentos e experiências mundiais em EaD, o que nos torna capazes de
analisar o histórico e os pontos em comum entre essas iniciativas precursoras e
toma-los como exemplo para os cursos a distância tanto no Brasil quanto nos
demais países. O autor apresenta para o leitor, no caso, estudante de Ead, o
aluno como sendo o protagonista da utilização dos meios disponíveis para
aprendizagem, e o professor, o responsável por preparar, verificar e dinamizar
o processo pela criação das aulas, primeiramente por tarefas enviadas por
carta, áudios, transmissões educativas de TV, contato por telefone chegando até
a era da internet. Porém, percebe-se também uma importante variedade de papeis,
habilidades e atitudes dos envolvidos no processo de ensino aprendizagem a
distância, para as quais faz-se necessário atribuir a estes o valor dado pela
autonomia, cooperação e afetividade equilibrada em uma experiência de EaD
crítica, criativa e contextualizada.
Cynthia Janiele Caetano da Silva Moreno,
pós-graduanda em Gestão da Informação e do Conhecimento pela Unicentro.
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